Como facilitar o
orgasmo feminino
Por Ailton Amelio
As mulheres têm mais dificuldade para chegar ao
orgasmo
As mulheres geralmente têm mais dificuldade para
chegar ao orgasmo do que os homens. Vários estudos identificaram este fenômeno.
Por exemplo, uma pesquisa americana verificou que, nas relações sexuais, 29%
das mulheres sempre tinham orgasmo, 42% geralmente, 21% de vez em quando, 4%
raramente e 4% nunca (as percentagens correspondentes para os homens eram,
respectivamente, 75%, 20%, 3%, 1% e 1%). Existem pelo menos dois prováveis
motivos que explicam essa maior dificuldade das mulheres: (1) O papel do
orgasmo na fecundação e (2) maior grau de dependência do desejo sexual feminino
de fatores psicológicos e (3) localização desfavorável do clitóris
("defeito de fabricação").
Papel do orgasmo na fecundação. Um dos prováveis motivos filogéticos para a
diferença de dificuldade para o orgasmo que se observa entre os sexos é o papel
diferente que ele exerce na fecundação. A maior parte da liberação dos
espermatozoides geralmente ocorre através da ejaculação (uma pequena quantidade
de espermatozoides pode ser liberada mesmo sem a ejaculação como, por exemplo,
durante as fases iniciais das relações sexuais). O orgasmo feminino talvez
facilite, mas é menos necessário para a fecundação: os óvulos podem ser
alcançados pelos espermatozoides mesmo quando a mulher não teve orgasmo (as
fêmeas de outras espécies geralmente não têm orgasmo). Por isso, a Natureza
caprichou mais na anatomia que favorece o orgasmo masculino (Danada!)
Maior grau de dependência do desejo sexual feminino
de fatores psicológicos. A
estimulação das zonas erógenas femininas é apenas um dos ingredientes do
orgasmo. Vários estudos vêm mostrando que a sexualidade feminina está mais
relacionada com fatores psicológicos do que a masculina. Por exemplo, as medidas
de intumescimento, lubrificação e relaxamento da vagina são menos relacionadas
com a sensação de desejo feminino do que as medidas correspondentes do pênis
masculino com a intensidade do desejo que eles relatam. Por isso, para elas a
qualidade do sexo é mais associada com o estado do relacionamento com o
parceiro do que vice-versa.
“Defeito de fabricação”? As
mulheres parecem ter uma espécie de “defeito de fabricação”: o clitóris,
principal zona erógena feminina, está localizado muito distante da vagina. Por
isso, a penetração do pênis na vagina não é muito eficiente para estimular esta
parte da anatomia feminina. Esta zona erógena, para ser bem estimulada, deveria
estar situada, talvez, na entrada da vagina. Ai sim, a introdução e a
movimentação do pênis produziria o máximo de pressão e fricção!
Neste artigo vamos
examinar estes dois últimos motivos e o que pode ser feito para melhorar o
terceiro deles - a estimulação mais eficiente do clitóris.
Ingredientes
psicológicos do desejo sexual
O desejo sexual é produzido por um conjunto muito
grande de fatores, além da estimulação das zonas erógenas. Alguns destes
fatores são os seguintes:
- Grau de atração do parceiro, a confiança e a
amizade que ele inspira.
- Local e o tempo disponível para o encontro e
relacionamento sexual.
- Habilidade dos parceiros para criar um clima
sensual e erótico.
- Tempo transcorrido desde o ultimo orgasmo. Quanto
maior o tempo, maior o desejo. Quanto maior o desejo mais fácil fica o orgasmo.
- Grau de naturalidade dos parceiros para
manifestar o desejo e o prazer sexual.
- A ausência de inibidores sexuais: culpa,
liberdade para mostrar prazer, etc.
Mais sistematicamente, o desejo sexual é
determinado por uma combinação dos seguintes ingredientes:
Impulso biológico.
Componente do desejo que é saciado pelo orgasmo, mas que começa a se
intensificar imediatamente depois a medida que o tempo vai passando. É como a
fome por alimentos: logo depois de comer acontece a saciação. Em seguida, ela
começa a crescer novamente. O organismo manifesta a sua necessidade por comida
e por sexo de tempos em tempos.
Motivação de origem psicológica. Este tipo de ingrediente contribui para que o
desejo aumente ou diminua, dependendo do grau de atração ou repulsão pelo
parceiro, da sua forma de proceder (sensual, erótico, sedutor) e de outros
fatores externos (ambiente sensual, filme erótico, etc.)
Querer. Este
é o ingrediente racional do desejo. Saber que o sexo faz bem para a relação,
que ele ajuda a intimidade, que alivia as tensões, etc.
Ausência de inibidores. Muitas mulheres não estão psicologicamente
preparadas para acolher e dar vazão ao desejo e ao orgasmo. O sexo para elas é
permeado pela culpa e pelas restrições religiosas, pela preocupação de não
demonstrar para o parceiro quanto ele pode lhe dar prazer, pela vergonha de se
entregar e demonstrar prazer.
Na Inglaterra Vitoriana, por exemplo, as mulheres
tinham que mostrar compostura e recato durante o sexo. A etiqueta da época
preconizava que elas deveriam encarar o sexo como um sacrifício pela pátria (a
sua finalidade era produzir novos cidadãos ingleses e soldados). De forma
alguma deveriam mostrar prazer intenso, tomar iniciativas ou mostrar
curiosidade por novas práticas sexuais. Mas, não precisamos ir tão longe para
apontar restrições à entrega ao prazer sexual: ainda hoje, aqui no Brasil,
homens e mulheres têm medo e vergonha de expressar muitos dos seus desejos e,
por isso, serem vistos e verem a si próprio como depravados por estas
"ousadias".
Rir porque achou graça ou porque sentiu cócegas
Os caminhos para o riso são uma boa analogia com os
caminhos físicos e psicológicos para o orgasmo: podemos rir porque achamos
graça ou porque sentimos cócegas. Geralmente preferimos o primeiro caminho e
não o segundo. Com o orgasmo acontece algo parecido. Podemos chegar a ele
através da estimulação de nossas zonas erógenas ou através do desejo sexual
causado por fatores psicológicos e por alguma estimulação dessas zonas. O
melhor é a combinação desses dois caminhos. Diga-se de passagem, algumas
mulheres conseguem chegar ao orgasmo sem qualquer estimulação de zonas
erógenas. Uma pesquisadora verificou que estas mulheres simplesmente relaxavam
e imaginavam que estavam em uma praia e logo chegavam ao orgasmo.
“Pegar no tranco”
O fato de o desejo causado por fatores psicológico
ser o caminho preferido para o orgasmo também é fartamente ilustrado pelas
reclamações de muitas mulheres que iniciam sexo sem qualquer desejo. Em
seguida, elas vão sendo excitas através de estimulações de suas zonas erógenas
e outras práticas sexuais e isto lhes provoca o desejo e o orgasmo. Este
caminho foi denominado por algumas delas como “pegar no tranco”. Este nome foi
sugerido pela analogia com a forma de dar partida em um carro que ficou sem
bateria: coloca-se a segunda marcha, pisa-se na embreagem, empurra-se o carro
e, quando ele ganha velocidade, o pé é bruscamente retirado da embreagem. O
carro dá um tranco e passa a funcionar normalmente. De forma análoga, essas
mulheres também “pegam no tranco”. Geralmente elas não gostam desta maneira de
fazer sexo, mesmo quando atingem o orgasmo. A falta de desejo de origem
psicológica que elas apresentam pelo parceiro é um sintoma de algo mais grave
que pode estar acontecendo na relação entre eles.
Os maridos, muitas vezes, só noticiam a segunda
parte do desejo que pegou no tranco: a mulher, embora tenha hesitado para
iniciar o sexo, funcionou perfeitamente depois de alguma estimulação física.
Eles ficam satisfeitos com esta parte final e concluem que está tudo bem com a
sexualidade do casal. Ledo engano. Esta forma de provocar o desejo é um sintoma
de problemas entre o casal e poderá se tornar muito aversiva para a mulher.
A importância da
estimulação do clitóris para o orgasmo
Sem perder de vista a importância dos fatores
psicológicos para a sexualidade, examinaremos agora melhorar a estimulação do
clitóris durante as relações sexuais.
Maneiras de aumentar a estimulação do clitóris
Pelo que foi exposto acima, além da presença de
todos os ingredientes psicológicos do desejo sexual, também é necessário
providenciar a estimulação do clitóris. Algumas destas maneiras são as
seguintes:
Aumentar o tempo e a eficácia das “preliminares”. As mulheres geralmente precisam de mais tempo para
chegar ao orgasmo do que os homens. Por isso, quanto maior o tempo e a eficácia
das preliminares, mais excitada ela ficará e mais próxima do orgasmo ela estará
quando começarem as penetrações. O problema desta técnica é que o homem também
poderá ficar muito excitado e, por isso, não conseguir segurar o próprio
orgasmo até que a mulher chegue ao dela.
Orgasmo alternado:
um antes e o outro depois. Neste caso, os parceiros não buscam o orgasmo
simultâneo e, sim, o alternado: o homem, primeiro, coopera para que a mulher
chegue ao orgasmo e, em seguida, ela retribui a gentileza, ou vice-versa.
Dentre as formas do homem propiciar a melhor estimulação do clitóris merecem
destaque o sexo oral e a masturbação desta área com os dedos ou com um
vibrador. Esta estimulação, obviamente pode se estender para outras áreas da
genitália feminina e mesmo para outras regiões do corpo.
Masturbação do clitóris e penetração simultânea do
pênis. Ao mesmo tempo em que
acontece a penetração e a movimentação do pênis na vagina, a mulher ou o homem
estimulam o clitóris.
Homem
por cima e para cima. A penetração
ocorre na posição missionária (“papai – mamãe”): mulher deitada de costas e
homem deitado em cima dela. Em seguida, o homem desliza o seu corpo para cima,
de tal modo que o seu pênis que antes apontava na direção do umbigo da mulher,
agora, após esse movimento, vai ficar apontando na direção dos seus joelhos.
Este tipo de penetração faz com que o corpo do pênis pressione e friccione
melhor o clitóris
Mulher por cima.
Esta posição permite que ela pressione e friccione o clitóris contra a região
pubiana do homem.
Estimular o clitóris com eficiência ajuda. No
entanto, as práticas que mais contribuem para que a mulher chegue ao orgasmo
são aquelas que acontecem fora da cama: admiração, consideração, cumplicidade,
romantismo e lealdade mutua entre os amantes!
Problemas com o orgasmo? Procure um psicólogo.
Fonte: http://ailtonamelio.blog.uol.com.br/
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