quinta-feira, 29 de maio de 2014

Como aprimorar a relação?



Como aprimorar a relação?


Por Carolina Freitas
Mestre em Psicologia, Psicóloga, Sexóloga, especialista em Educação Sexual

Em consultório de psicologia e sexologia é sempre recorrente a pergunta: Como aprimorar e manter acessa a chama do meu relacionamento? Faz tempo que já estamos juntos, como devo fazer?

O primeiro passo é não se acomodar na relação. Relacionamentos não têm vida própria como nos contos de fadas e nos filmes românticos, que forças mágicas juntam as “almas gêmeas” e todos vivem felizes para sempre, sem nenhum esforço nem dedicação. Tem de querer que dê certo e se empenhar sempre.

Então tenha em mente que em qualquer relacionamento é importante ter e manter o tripé: Comprometimento (projeto de vida em comum); Boa comunicação (capacidade para o diálogo); Capacidade de partilhar segredos (cumplicidade).

Para preservar a chama acessa, fortaleçam os laços! Como? Dialoguem. Bebam juntos uma taça de um bom vinho. Celebrem os momentos felizes. Construam situações favoráveis (jantares, viagens, momentos a dois). Cultivem a paixão, dedicando-se à pessoa mais importante da sua vida. Sejam atenciosos, dê àquela pessoa o que ela precisa e não o que você acha que ela precisa. Compreende a diferença? Para saber o que ele(a) quer e gosta, tem de conhecer, conversar, ouvir. Um bom exercício diário. Veja aqui que uso o plural, pois a relação deve ser cuidada pelo casal.

Essa proximidade e carinho sempre alimentados deixam a sexualidade ali, à flor da pele. Um bom sexo é tão importante quanto o amor e o companheirismo. Deem espaço ao papel de amante.

Apimentem a relação indo a ambientes diferentes. Promovam jantares românticos. Viagem a dois. Saiam para dançar. Olhem nos olhos. Riam, casais que riem juntos são mais felizes. Elogiem sempre, os elogios sinceros aumentam a positividade e com isso o sentimento de admiração e o desejo sexual. E, resgatem sempre o apaixonar-se. Relembrem o que fez vocês se apaixonarem. Mantenham esse sentimento vivo.

E para ser sempre atraente, cuide bem de você, da sua autoestima, da sua vida. Assuma o controle da sua vida amorosa e sexual também. Essa independência e a autoconfiança são afrodisíacos.

Por fim, se você quer mesmo manter o relacionamento, qualquer problema conjugal será facilmente relativizado. E, assim, você terá o seu final feliz. Persista apesar das dificuldades, elas fazem parte do relacionamento. Comprometa-se!

Carolina Freitas
Psicóloga Especialista em Educação Sexual CRP 09/8329

quinta-feira, 22 de maio de 2014

ESSE PROBLEMA NÃO É MEU!



ESSE PROBLEMA NÃO É   MEU!
As questões conjugais e os sintomas dos filhos
                            
 Prof. Dr. Ricardo Lima*


Olhar para os sintomas dos filhos como reflexos do que se passa na vida conjugal dos pais é desafiar a visão tradicional da ‘criança problema’, do aluno preguiçoso ou mesmo da aborrescência. A partir das experiências no trabalho clínico com queixas referentes aos problemas de aprendizagem, tive a oportunidade de aprender com meus jovens pacientes que, em muitos casos, eles eram portadores de sintomas oriundos das dinâmicas conjugais dos pais. Então, comecei a me interessar e investir esfoos com os casais, visando promover um melhor entendimento dos processos que envolvem a vida conjugal e seus reflexos no desenvolvimento dos filhos.

E tenho notado que, muitas vezes, as dificuldades manifestadas pelos filhos funcionam como uma ‘cortina de fumaça’ para os conflitos familiares e conjugais. Isto é, quanto mais o comportamento de um filho se apresenta como ‘problema’, a atenção da família se volta para esse foco, fazendo com que os pais/casais não tenham que olhar para as pprias questões mal resolvidas. É claro que o surgimento de sintomas comportamentais ou educacionais numa criança não se limita a essa causa, mas vejo que esse fato, ainda desconhecido por muitas famílias, atua como força criadora/mantenedora das dificuldades de aprendizagem.

Quando isso é percebido no consultório costumo fazer a seguinte pergunta para os pais: como está o casamento de vos?. Esse é um momento crucial no trabalho clínico, pois não é raro encontrar cônjuges que há tempos estão insatisfeitos em diversos aspectos do casamento; casais que utilizam a comunicão de forma rasa e burocrática, isto é, como ferramenta útil para resolver problemas do dia a dia, mas ineficiente para expor seus sentimentos; parceiros sem intimidade, portanto sem conhecimento mútuo, entre outras questões. Outro fenômeno que observo é a maior incidência de mulheres que procuram expor estas situações. Dizem, recorrentemente, que se sentem em conflito entre ter  uma vida  feliz e  dar sentido  aos  seus desejos ( que  os filhos estão crescendo) e ainda ter que suportar as tarefas de mãe-esposa-profissional   impecável sem a ajuda e a admiração de seus maridos. Quando questionados, muitos maridos relatam não entenderem a insatisfação das mulheres já que elas têm os filhos - segundo eles ‘se elas se realizam como mães, não precisam de mais nada na vida’ - uma casa confortável, um homem trabalhador e provedor, entre outros argumentos. E, nesse impasse, a comunicão do casal fica comprometida pela dificuldade de negociar as diferenças entre o que se espera da relação e o que ela realmente pode proporcionar a cada um dos cônjuges.

Não considerar e se aprofundar nessa questão (é isso mesmo... discutir a relação!) empobrece um aspecto importante no desenvolvimento humano, do casal e da família: o auto-conhecimento. Sem essa consciência surgem dificuldades em assumir, aceitar e lidar com as difereas, fazendo com que em muitas falias isso se torne um assunto... digamos... proibido, veladamente censurado. Muitos pais/casais com quem converso são inteligentes, bem sucedidos profissionalmente, mas ibeis em lidar com questões emocionais por carecerem de auto-conhecimento. Resultado: o silêncio. Aqui ocorre o  que  eu  chamo  de  não  dito, ou  seja, o que existe nos relacionamentos mas fica camuflado, discretamente ignorado. Por exemplo: sinto que o meu marido não me deseja mais” ou queria que os meus pais se interessassem mais pelas coisas que eu gosto.

Ignorar uma questão emocional significa deixá-la operar silenciosa e inconscientemente na ppria vida e na família. Seria como cultivar uma mensagem subliminar do tipo: “aprenda, questione e comporte- se apenas dentro daquilo que suportamos, do que damos conta... o que está fora desse alcance, não serve, não pode, deixa pra lá.Oras, vivemos num mundo de diversidades e a aprendizagem passa justamente pela análise crítica das diferentes formas de pensar, sentir, se comportar... Assim, o processo de aprendizagem fica seriamente comprometido pois  reduz  o aprender a uma série  de  memorizações de  conteúdos para  atingir  resultados padronizados e análogos às limitões emocionais da  falia.  Digo questões emocionais pois se referem  não  somente  ao  que é avaliado pela educação formal,  mas principalmente ao auto-conhecimento.

Nesse contexto, a riqueza interior do ser humano - que tem na diversidade uma de suas melhores qualidades - fica reprimida, censurada, oculta. A auto-estima não  se fortalece, pois não  há uma construção do  amor  pprio, mas  sim a reprodução do  que  outro determina ser o amor  correto, o afeto  permitido. O não dito funciona como  ‘peso  morto, ancorando  e  dificultando  o desenvolvimento; a aprendizagem, como  fenômeno   importante para  a constituição   de indivíduos  (seres  únicos,  ímpares), não pode ser vivida de forma autônoma e autêntica, explicando as dificuldades  de  alguns  jovens em assimilar, administrar e  gerar  conhecimentos sozinhos; a criatividade, como manifestão do fazer diferente, não vale,  é censurada... nivelando a vida por baixo... e acaba por  emburrecer, desinteressar... entristecer.

Para pedir ajuda, alguém na família tem que denunciar que algo está errado. Infelizmente, tenho constatado que isso ainda fica a cargo dos filhos...


* Autor: Ricardo Lima, psicólogo clínico, doutor em psicologia do desenvolvimento humano, marido e pai atento às diversidades e o que aprender com elas.

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Prof. Dr. Ricardo Lima
Psicoterapia e Orientação Vocacional
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