segunda-feira, 27 de maio de 2013

Masturbação faz mal?



Masturbação faz mal?


Carolina Freitas
Psicóloga, Sexóloga, especialista em Educação Sexual, Mestre em Psicologia
Realiza atendimentos Online no Portal SEXOSEMDÚVIDA.com



A masturbação é a autoestimulação dos genitais em busca do prazer.

Ela pode ser uma atividade solitária, ou uma atividade realizada com o(a) parceiro(a) através da troca de carícias, da manipulação dos genitais. Sua frequência é diferenciada durante as etapas da vida. Como homens e mulheres têm os genitais diferentes, as maneiras de se tocarem são peculiares ao seu gênero. É considerada uma atividade sexual que proporciona prazer, alívio de tensões e autoconhecimento.

Uma pergunta frequente é se masturbação em excesso faz mal. Na verdade qualquer coisa em excesso faz mal. Mas o que seria o excesso? Deve-se usar o bom senso. Por exemplo, quando a pessoa começa a deixar de fazer as coisas do dia a dia ou começa a recusar a relacionar com outras pessoas em função de uma única coisa, estes são alguns dos sinalizadores de exagero.

Há a masturbação que visa à busca de prazer, a qual gera emoções agradáveis e desperta desejos, porém há aquela que caracteriza fraqueza ou carência do objeto sexual, que pode gerar isolamento, tornando-se, assim, um obstáculo para o desenvolvimento pessoal.

Quando a pessoa não consegue controlar o exagero pode-se entrar na compulsão. Os compulsivos pela masturbação não conseguem ter controle e passam boa parte do dia pensando em se masturbar ou se masturbando, seja onde for. Deixam de estudar, trabalhar e sair com os amigos para passar horas em função do seu prazer. As pessoas compulsivas possuem dificuldades em colocar limite no seu prazer e precisam, quase sempre, de apoio de uma terapia sexual.

Por fim, saiba que a masturbação é uma conduta humana baseada em autodesenvolvimento, sua avaliação deve ser feita de forma pessoal e contextual, podendo ser considerada negativa somente no caso da compulsão, que alimenta um círculo vicioso e destrói o prazer. No geral, a masturbação é a busca de autoconhecimento e prazer. Deve gerar emoções agradáveis e despertar desejos.

Carolina Freitas
Psicóloga CRP 09/8329



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Desejo sexual: você "pega no tranco"?



Desejo sexual: você "pega no tranco"?
Por Ailton Amélio



Creio que todo mundo já teve a experiência ou já viu alguém fazer um carro pegar no tranco. Acontece assim: quando acaba a bateria, o motorista não consegue fazê-lo pegar acionando a chave de ignição. Neste caso, o motorista pode tentar fazê-lo pegar no tranco: coloca a segunda marcha, pisa na embreagem e pede para outras pessoas o empurrarem ou, quando ele está em uma descida, libera o freio de mão para permitir que ele comece a se movimentar ladeira abaixo. Quando o carro ganha uma boa velocidade, o condutor abruptamente tira o pé da embreagem. O carro dá um tranco e, com alguma sorte, passa a funcionar normalmente.

No sexo acontece algo semelhante: muita gente não sente desejo pelo parceiro. Essa falta de desejo pode ser circunstancial (de vez em quando acontece com todo mundo) ou crônica (nunca sente desejo por este parceiro). Sem desejo não dá para fazer sexo, ou pelo menos, não dá para fazer um bom sexo. Para fazer um bom sexo é necessária a excitação (por exemplo, a ereção do pênis e a lubrificação, intumescimento, alargamento e alongamento do canal vaginal). O principal disparador da excitação é o desejo.

Pois bem, quando o desejo pelo parceiro está fraco (a bateria está fraca demais para acionar a partida), é possível usar alguns artifícios para estimulá-lo e, em seguida, tentar dar a partida. Dada a partida, o sexo pode passar a funcionar de forma semelhante ao iniciado pelo desejo pelo parceiro.

O desejo produzido pela possibilidade de sexo com uma pessoa atraente e o desejo produzido pela estimulação de zonas erógenas podem ser comparados, respectivamente, com o riso que é provocado por coisas engraçadas e pelo riso provocado por cócegas. Geralmente gostamos de rir de coisas engraçadas, mas pouca gente gosta de rir quando alguém lhe faz cócegas e pede para que esta pessoa continue a fazê-lo.

Este é o assunto que vamos examinar neste artigo.

Sarah não tinha desejo, mas acabava ficando excitada durante o sexo
Sarah havia perdido o desejo sexual pelo marido. Ele não a tratava bem, não era nada romântico e só apresentava um arremedo de carinho quando queria sexo. “Na cama, ele era como um galo: montou, arremeteu algumas vezes, ejaculou e encerrou. Em seguida, virava para o outro lado e dormia como um porco.”
Sempre que ele apresentava sinais que queria transar, ela dava todos os tipos de desculpas: dor de cabeça, indisposição, cansaço, noite de lua cheia, etc. No entanto, como ela ainda não havia decidido a encarar uma separação, continuava a transar com ele de vez em quando, para não azedar de vez o ambiente familiar.
Nesses raros episódios sexuais, na hora que ia para a cama com o marido, ela geralmente não estava sentindo desejo e, muito menos, excitação. Pelo contrário, sentia-se obrigada a fazer algo que era desagradável e humilhante. Por isso, no início desses episódios sexuais, ela não estava lubrificada e a musculatura da sua vagina não estava relaxada. Como consequência, as primeiras penetrações geralmente doíam e eram muito desagradáveis.
Ela, no entanto, disfarçava a ausência de desejo e de excitação e os sentimentos desagradáveis e simulava certo grau de prazer e desejo. Se mostrasse que estava fazendo esforço e que não sentia nenhum desejo pelo marido ou que estava usando artifícios para se excitar, isso certamente geraria uma grande encrenca com ele.
No entanto, após iniciar as práticas sexuais, ela passava a sentir desejo, se excitava e quase sempre tinha um orgasmo. Dentre as práticas que despertavam o seu desejo, a mais eficiente era receber sexo oral. Também ajudava muito quando ela imaginava que estava transando com outra pessoa.

A qualidade do desejo é diferente
O desejo de Sarah, quando pegava no tranco, não tinha a mesma qualidade e não era, de forma alguma, um bom substituto para o seu desejo “normal”, aquele, por exemplo, que ela sentia por outros homens. Este último tipo de desejo aparecia espontaneamente muito antes do início de qualquer prática sexual e era despertado pela masculinidade, sensualidade e atitudes positivas desses homens desejáveis. Sarah tinha muitos pensamentos persistentes e fantasias com homens assim. Frequentemente ela se masturbava pensando em algum homem conhecido que tinha essas características. O desejo despertado pelas práticas sexuais com o marido era produzido principalmente pela estimulação de suas zonas erógenas e pelos longos períodos de privação sexual que ela havia passando desde o último encontro. O desejo provocado no tranco e o sexo que vinha com ele deixava um sabor amargo posterior e uma necessidade de evitar ou adiar o máximo possível o próximo episódio sexual com o marido.
Após “cumprir a missão” ela se sentia frustrada, vazia e usada. Esses sentimentos negativos estavam produzindo efeitos cumulativos: cada episódio sexual era pior do que o anterior. A única coisa boa é que após cada um deles, ela podia passar algum tempo sem transar de novo com o marido.

Podia ser pior: nem no tranco
Sarah ainda se achava uma mulher de sorte quando se comparava com certas amigas. Estas não conseguiam pegar no tranco e, por isso, não conseguiam sentir nenhum prazer durante o sexo. Só ficavam no desprazer. Essas amigas podiam contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que tiveram orgasmo com seus companheiros! (A maior parte das mulheres que não consegue orgasmo com o marido, consegue chegar lá quando se masturba. Isso indica que elas não têm problemas orgânicos que impedem o orgasmo. Uma boa ajuda psicológica é altamente recomendada para resolver este tipo de problema).

Artifícios usados por Jair para conseguir transar com a esposa
O desejo de Jair pela sua esposa quase havia desaparecido. Há muito tempo, aquele desejo inicial, que era alimentado pela novidade, havia perdido o brilho. Isso é inevitável em qualquer relacionamento duradouro. No entanto, o sexo com ela também havia se tornado desestimulante em outros sentidos, que poderiam ter sido evitados.
 Atualmente o tipo de sexo que ela topava fazer era básico, monótono e cheio de “Isso não!”. Com o passar dos anos, ela havia descuidado da sua forma física e, por isso, a sua aparência atual estava muito longe daquela que ela tinha na época que haviam se conhecido e que se manteve durante os primeiros anos de casamento, antes da sua primeira gravidez.
O pior de tudo é que os hormônios sexuais de Jair já estavam um tanto escassos e, por isso mesmo, logo agora que ele precisava de mais estimulação por parte da mulher é que ela havia se tornado insípida, pouco atraente aos olhos e muito desagradável aos ouvidos!
Embora não tivesse desejo pela esposa, Jair sabia que de tempos em tempos tinha que “comparecer”. Não estava nos seus planos terminar o casamento e nem ficar ouvindo reclamações da mulher pela sua ausência sexual. Ao que tudo indica, ela reclamava e exigia sexo não porque tivesse um grande desejo sexual, mas sim, porque a ausência de sexo fazia com que ela se sentisse não desejável (adeus autoestima!) e porque ela temia que Jair acabasse se envolvendo com outras mulheres, caso não satisfizesse suas necessidades sexuais com ela.
Para dar conta do recado, Jair lançava mão dos seguintes artifícios: (1) evitava a masturbação para aumentar a sua necessidade biológica de sexo, (2) pensava em outra mulher enquanto transava com a sua esposa, (3) logo antes de procura-la para sexo, assistia algum filme pornô no computador para ficar excitado e (4) tomava um remédio ajudar a ter e a manter uma boa ereção. Após tomar algumas ou todas essas medidas, ele conseguia começar a “funcionar”. Após iniciar o sexo com a esposa, ai sim, as fricções e a sua fantasia com outra mulher eram suficientes para que ele conseguisse levar a cabo a sua “missão”. Feito isso, agora sim, poderia ter um tempo de folga até que o dever voltasse a bater na sua porta!
Quando “comparecia”, Jair estava mais movido pela cobrança e pelas necessidades biológicas do que pela atração pela mulher. Ele estava sempre procurando introduzir “brinquedinhos eróticos” e filmes pornôs no sexo com a mulher, para ver se isso melhorava a sua excitação. Ela não mostra nenhum entusiasmo por essas “práticas alternativas”. Quando ele fazia uso desses artifícios, ela sentia que o desejo de Jair não era por ela, mas sim pelos filmes e brinquedos.
Este tipo de sexo com “aditivos”, ao invés de aproximar os cônjuges estava afastando-os. Além de achar que o uso desses aditivos era uma espécie de depravação, ela temia que esse uso pudesse “viciá-los de tal forma que só passassem a sentir desejo e ficarem excitados quando houve algum estimulante deste tipo”.

O desejo é a primeira fase de um episódio sexual satisfatório
Um episódio sexual bem sucedido pode ser dividido em quatro fases: desejo (fantasias acerca da atividade sexual e desejo de praticar a atividade sexual), excitação (sentimento de prazer e alterações fisiológicas concomitantes. Inclui, por exemplo, a ereção peniana do homem e a lubrificação e a expansão vaginal da mulher), orgasmo (clímax sexual, com liberação da tensão sexual e contração rítmica dos músculos do períneo) e resolução (sensação de relaxamento muscular e bem-estar geral) (Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Sexuais – 4a. Edição, pp. 467 - 468).

O desejo sexual feminino
O desejo sexual feminino depende um conjunto de fatores que vai muito além das dosagens hormonais, das características físicas do parceiro e das suas habilidades na área sexual. Geralmente o desejo da mulher também é afetado pela qualidade do relacionamento que existe entre ela e  os companheiro em todas situações. Por exemplo, quando o companheiro não é atencioso, respeitoso, romântico e viril durante boa parte do tempo, elas esfriam. Não adianta ficar romântico e carinhoso só quando quer sexo. Adianta menos ainda tentar apimentar diretamente as práticas sexuais.

Pouco desejo sexual
A insuficiência de desejo sexual pode ser uma característica crônica e abrangente ou específica e aparecer apenas circunstancialmente. Quando é crônica e abrangente, ela está presente há muito tempo, acontece com todos os possíveis parceiros e  há poucas fantasias e sonhos eróticos. Quando ela é específica e circunstancial, aparece apenas em certas situações (por exemplo, quando o parceiro agiu de uma forma desrespeitosa) ou com certas pessoas. Neste último caso, a falta de desejo é natural e muito útil para selecionar parceiros amorosos – só devemos iniciar ou manter um relacionamento amoroso com alguém que desperte em nós alguma atração sexual ou que, pelo menos, tenha potencial para isso.
A diminuição do desejo pode ocorrer durante um relacionamento amoroso que está em curso. Quando esta diminuição é acentuada e perdura por muito tempo, existe uma grande chance de o relacionamento se deteriorar.

Problemas no desejo sexual? Procure a ajuda de um psicólogo.

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Fonte: http://ailtonamelio.blog.uol.com.br/