quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O amor múltiplo



O amor múltiplo

A relação que envolve três, quatro ou até mais pessoas ganhou até nome: poliamor. Amplamente estudada por especialistas, ela tem conquistado cada vez mais adeptos 



Por Rafael Campos – Correio Braziliense


Quantas alianças cabem em um dedo anelar? Aos que creem no amor monogâmico — e, sob esse olhar, eterno —, apenas uma. Ao optar pelo "sim", poucos casais imaginam que um terceiro elemento possa entrar na relação. Muitos encaram o relacionamento convencional como a celebração do sentimento. Outros, como imposição social. E vivem um casamento em que dois querem ser um. O bombeiro militar Marcelo Santos, 26 anos, não pensa assim. Depois de viver um relacionamento com outras quatro pessoas (três mulheres e mais um homem), ele entendeu que sua capacidade de amar não era restrita a apenas um, mas a vários alvos.

"Quando percebi que tinha esse tipo de sentimento dentro de mim, busquei reprimi-lo, pois considerei errado devido às travas sociais. Depois, uma amiga me falou do termo poliamor e comecei a pesquisar. Há seis meses tenho certeza que esse é o meu caso." O poliamor é uma definição nova para algo antigo: as relações que envolvem não apenas duas, mas três, quatro ou mais pessoas.

A diferença, atualmente, é a forma como todos lidam com essa decisão. "É uma nova forma de conjugalidade: é um modelo de relacionamento em que qualquer pessoa pode amar e ser amada, desde que haja consentimento entre todos os envolvidos", explica Sandra Elisa de Assis Freire, doutora em psicologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e, atualmente, pesquisadora do poliamor. Ela é direta: a poliafetividade não é o fim da monogamia. "A discussão atual existe para tirar essas pessoas do armário. É apenas uma outra forma de amar."

Aceitar-se como poliafetivo não envolve apenas o entendimento de si. Diferentemente de assumir a própria sexualidade, nesse caso, muitas vezes, é preciso convencer os pares que a experiência pode ser válida. Ou tentar desvendar o poliafetivo no outro. Esse não foi o caso do ex-marido da supervisora administrativa de recursos humanos Andreza Hack de Abreu, de 37 anos. Ela viveu por 11 anos um casamento no qual foi traída várias vezes, ao ponto de o ex-companheiro ter tido dois filhos com outra mulher. Ela garante que esse momento, em vez de traumático, a fez perceber que dividir o outro era algo buscado desde muito nova.

"Acho que todos na adolescência já se sentiram divididos entre dois amores — eu, pelo menos, sim. Antes de conhecer esse termo, poliamor, achava que era saber separar o amor do sexo com os ‘outros’. No meu casamento, os momentos em que ele estava comigo me bastavam. E, quando não estava comigo, eu sabia que estava na casa da ‘fulana’, mesmo ele não admitindo." Hoje, ela mantém uma relação poliafetiva de fato, na qual os termos são conversados entre os três — ela, uma amiga e outro homem —, sem a sombra de uma relação extraconjugal.

"A experiência é maravilhosa, realmente não me imagino mais numa relação ‘normal’, ou até mesmo hipócrita, diria. No poliamor, temos a distinção de lealdade e fidelidade." A grande dificuldade dos que decidem aceitar a poliafetividade é mostrar que ela não nega o amor. As idealizações que envolvem o amor romântico tendem a crucificar quem foge dele.

Monogomia sequencial
Para o advogado e psicólogo Luiz Fernando Carvalho Maciel, a tendência é que haja, cada vez mais, diversificação nos tipos de relacionamento, que vão além dos relacionamentos poliafetivos. Essa diversificação, inclusive, é que garante a manutenção do amor romântico. Isso, afirma ele, se reflete nas decisões judiciais que, cada vez mais, se adaptam e se adequam às novas realidades sociais surgidas. A Justiça tem olhado com outros olhos, inclusive, os casos de relacionamentos extraconjugais. "Atualmente, vivenciamos uma época em que aparece com um certo padrão a denominada ‘monogamia sequencial’, caracterizada por mais de um relacionamento ‘monogâmico’ no decorrer da vida. Mas tal padrão não excluiria outras possibilidades, como o poliamor. E sempre vão existir aqueles que buscam um amor romântico." As questões judiciais, inclusive, são um dos maiores problemas que afetam os que mantêm relações poliafetivas. A novidade do termo não exclui milhares de mulheres tidas como amantes e que, quando perdem o companheiro, não têm direito algum. "O nome é novo, mas a realidade é antiga. A reação dentro de uma sociedade extremamente conservadora, como a nossa, é a tendência a não reconhecer nenhum direito à essa outra. Tudo que fugia ao modelo convencional não era reconhecido. É uma forma de punir: eu te condeno a não existir e não te dou direito nenhum", garante a advogada e juíza aposentada Maria Berenice Dias. Para ela, não se pode negar a poliafetividade nesses casos, já que, na maioria deles, as duas mulheres sabiam do que estava acontecendo. "Não há como falar em família, mas em famílias. Elas existem fora do casamento. No momento em que o homem mantém duas famílias, ele precisa ser responsabilizado pelas duas. A Justiça é conivente com esse homem. Acho uma postura absolutamente equivocada e antiética. É a consequência perversa dessa condenação à invisibilidade."

Preconceito e liberdade
As questões jurídicas ficam truncadas quando o casal em questão é homossexual. Mas para Mário, 25 anos, e Luiz (nomes fictícios), 30, o mais importante é manter o diálogo dentro de casa. Com seis anos de relacionamento, os dois compreendem a separação entre desejo e amor e conseguem manter pequenos momentos com outras pessoas em uma forma de poliamor que, não necessariamente, exige um relacionamento longo. "Tivemos apenas um caso em que ficamos quase namorando alguém, por três meses. Era um amigo que já tínhamos e que, depois de muita conversa sobre isso, rolou um interesse entre os três e começamos a ficar. A gente se aproximou naturalmente", afirma Mário. Eles contam que essa não era uma busca na relação e que, ao começarem a sentir essa vontade, prontamente dialogaram para, juntos, compreenderem os desejos um do outro.

Para Luiz, essa compreensão do que o outro espera, inclusive em relação a outras pessoas, garante um olhar diferente sobre o que pode ser considerado uma traição. Ele afirma que a facilidade em conversar tudo com Mário dá a eles uma possibilidade de ver os ciúmes sob outra ótica. "Discutir ciúmes, atrações, problemas de casa, pagar contas, isso é que sedimenta uma relação. Hoje, é muito difícil entender como alguém sente ciúmes e como eles se propõem a trair." Apesar de assumidos em sua orientação sexual, eles garantem que ainda não falam abertamente sobre suas experiências poliafetivas. O cerne da decisão, claro, parte do preconceito social que ainda caminha para aceitar a união homoafetiva como familiar.

Luiz Fernando Carvalho Maciel garante que ainda estamos em um processo de libertação do domínio masculino no que toca o conceito de família. Isso, inclusive, é um passo importante para que as relações poliafetivas femininas, como em Dona Flor e seus dois maridos, possam ser vistas com maior naturalidade. "Pensar na aceitação efetiva de outros modelos de relacionamento ainda depende do constante questionamento a respeito das realidades históricas, sociais e de manutenção de poder em sentido amplo (no caso, do homem)."

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2013/10/27/interna_revista_correio,394085/o-amor-multiplo.shtml

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sexualidade na Maturidade




Bernarda e Lutero, o novo casal da novela da Rede Globo – Amor à Vida. Os diálogos entre eles e seus amigos e familiares nesses últimos capítulos têm sido fantásticos. Como podem dois velhos ainda amarem e se relacionarem sexualmente? Impossível (ou pura ficção) na cabeça de alguns.  Mas, como afirmou Lutero, "Nós jamais perdemos o direito de amar". A mais pura verdade.

A sexualidade é um processo que devemos desfrutar de acordo com cada etapa da vida. É a forma de ser e estar no mundo. É para além do sexo propriamente dito. Assim, a sexualidade na maturidade está aí escancarada na mídia e na vida. Porém, como o lugar social destinado ao idoso ainda tem valor negativo na nossa sociedade aparece também a dificuldade em aceitar essa sexualidade.

Saiba que a diminuição das atividades sexuais (quantidade) não significa diminuição da capacidade de dar e receber prazer e principalmente de amar (qualidade). As mudanças físicas e até mesmo algumas dificuldades (por exemplo, de lubrificação e de ereção) não são impedimentos para ter uma vida sexual saudável na velhice. Algumas patologias podem restringir o ato sexual, mas não impedi-lo.

Conscientize-se! Todos vamos envelhecer. É parte do processo da vida...


Assista ao debate de ontem, dia 24 de outubro de 13, do Jornal da Globo News - Pesquisa mostra que 87% dos homens com mais de 61 anos têm vida sexual ativa


Assunto em Debate 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Verão, Corpos e Prazeres



Verão, Corpos e Prazeres


 Por Carolina Gonçalves de Freitas Fonseca
Mestre em Psicologia, Psicóloga, Sexóloga, especialista em Educação Sexual
 Em Artigos sobre Sexo – Projeto Ambsex (ambsex.com.br)
Realiza atendimentos online no Portal SEXOSEMDUVIDA.com

Fim de ano, chegada do verão, estação em que no Brasil, país tropical, os corpos apresentam-se expostos. Talvez seja, então, uma boa época para pensarmos se a busca desenfreada por um corpo perfeito interfere no desejo sexual da mulher.

Uma das grandes preocupações de hoje é emagrecer. E, para atingir a meta estabelecida pela mídia e pelo mundo da moda – corpo perfeito, magro e malhado (a qualquer custo) – cresce o número de cirurgias plásticas, aquelas que têm por objetivo a reconstituição de uma parte do corpo por razões puramente estéticas e para se adequar ao padrão. E, também os transtornos alimentares. Ou seja, muitas mulheres têm negado seus corpos e, com isto, sua feminilidade.

O mundo contemporâneo oferece muitos produtos ‘mágicos’ – cirurgias instantâneas, dietas milagrosas, medicações infalíveis, exercícios físicos extraordinários – e não tolera a imperfeição, o que dificulta o processo de subjetivação do feminino. Ou seja, a mulher reconhecer-se como tal.

Essa atual valorização de um determinado tipo de corpo feminino – perfeito, magro e malhado – tem ido contra a busca da autonomia da mulher. A procura pela liberdade deve ir em direção a liberação de qualquer opressão, o que inclui não se submeter a um novo tipo de prisão, o aprisionamento dos corpos pela submissão aos modelos.

Será que estar dentro dos estabelecidos padrões de belezas garante uma sexualidade saudável? A cirurgia plástica como instrumento de melhora do corpo e da autoestima é sim importante. Atividade física e alimentação também, como cuidados com o corpo e a busca de uma qualidade de vida. Mulheres que se valorizam, que dão importância as sensações e prazeres para além de sua aparência, são aquelas que tiram de seus corpos todas as delícias e prazeres que desejam ter.

E você? Como vai o seu prazer? Lembre-se, desejar uma aparência harmônica pode sim ser saudável, desde que não sobreponha seus outros desejos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Apoio psicológico é fundamental no tratamento de doenças crônicas

 
Hoje o Assunto em Debate no Jornal das 10h da Globo News foi A importância do apoio psicológico no tratamento de Doenças Crônicas.

Importante a visão da não separação de corpo e mente nos cuidados com a saúde. Pois, o somos seres Biológicos / Psicológicos / Sociais / Espirituais. Todos esses "pilares" são importantes no tratamento da saúde física e mental.

Assista aqui - Globo News

Fonte: http://globotv.globo.com/globonews/jornal-globonews/v/apoio-psicologico-pode-ajudar-no-tratamento-de-doencas-cronicas/2891807/

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Homens também podem apresentar dificuldade em ter orgasmos



Homens também podem apresentar dificuldade em ter orgasmos 

Psicólogo descreve as características e possíveis causas do problema, bem como tratamento 

por Marianna Feiteiro

Queixa comum entre as mulheres, a impossibilidade de ter orgasmos é um problema que também pode atingir os homens. Assim como acontece nos casos femininos, a origem da condição é quase sempre psicológica, apesar de poder ser desencadeada por fatores físicos.

O que é orgasmo?

Segundo explica o psicólogo Martinus Christen Koepsel, orgasmo é uma resposta fisiológica natural diante de um estímulo sexual considerado prazeroso pelo homem. “Ele se caracteriza pela ejaculação e pela sensação de alívio da tensão sexual que percorre o corpo todo”, explica.
No entanto, apesar de muitas vezes serem considerados a mesma coisa, o orgasmo e a ejaculação são dois fenômenos distintos, que, em casos raros, podem acontecer separadamente. “É perfeitamente possível que um ocorra sem o outro. Porém, habitualmente, a ejaculação é acompanhada do orgasmo e vice-versa”, afirma o especialista.

Transtorno do Orgasmo Masculino

Quando o homem não consegue gozar durante a penetração, ele apresenta um Transtorno do Orgasmo Masculino chamado de anorgasmia masculina. A condição é rara e se caracteriza pela impossibilidade de obter a sensação de alívio da tensão sexual inerente ao orgasmo (quando há a contração e relaxamento muscular) mesmo havendo ejaculação. “Em outras palavras, é como se a ejaculação acontecesse sem a característica prazerosa”, descreve o psicólogo.

Outro transtorno que pode acometer o homem é a ejaculação retardada, ou ejaculação inibida. Nele, o homem até consegue atingir o orgasmo, porém só após uma intensa e prolongada estimulação oral ou manual e muito dificilmente através da penetração. “Nessa condição, o homem frequentemente extrapola o tempo considerado satisfatório pelo casal para chegar à ejaculação”, explica Martinus. Em alguns casos, o homem não chega a ejacular.

Em ambos os quadros, o transtorno ocorre durante o ato sexual. “Alguns homens afirmam que conseguiriam chegar ao orgasmo mais facilmente se masturbados pela companheira, mas não com a penetração. Já na masturbação individual, o desenvolvimento da excitação e da ejaculação é satisfatório para o sujeito. Isso não significa que não haja problemas na masturbação, apenas que ele é pouco significativo se comparado ao desempenho do homem durante um relacionamento sexual”, esclarece o profissional.

Causas e tratamento

Alguns medicamentos podem levar ao retardamento da ejaculação e à diminuição do desejo sexual e do prazer. Cirurgias urológicas e neurológicas, cardiopatias, doenças vasculares e diabetes também podem estar associados à disfunção.

Porém, segundo o especialista, o problema de saúde não pode ser considerado a única causa do transtorno. “O fator psicológico é muito importante, talvez o principal. É muito comum que homens saudáveis acreditem, inicialmente, que a condição tem a ver com algum distúrbio orgânico e busquem desesperadamente um medicamento que acabe com o problema”, diz. “Os remédios podem ajudar. Entretanto, a combinação entre o tratamento medicamentoso e psicoterápico é o que demonstra melhores resultados”, completa.

O homem que vivenciou algum tipo de distúrbio sexual deve procurar um urologista para investigar a origem do problema. Se for o caso, ele será encaminhado para um psicoterapeuta, que fará um tratamento paralelo. “A psicoterapia sexual ainda é o modo mais efetivo para tratar disfunções dessa natureza”, afirma Martinus.

Parceiras: como agir?

É essencial que a companheira diga abertamente o que sente ao companheiro, porém, tomando o cuidado de adotar uma postura compreensiva e de se colocar à disposição para ajudar. “Muitas delas escondem de seus namorados ou maridos o profundo descontentamento e cansaço que sentem, pois têm medo de magoá-los. Da mesma forma, muitas têm o pensamento de incompetência por acharem que são responsáveis pelo problema”, revela o psicólogo.

Segundo ele, o comportamento ativo do casal é importante para o sucesso do tratamento. De acordo com cada caso, o psicoterapeuta pode sugerir recursos a serem realizados em casa que podem ajudar na superação do problema.

Se o distúrbio não for tratado, pode levar a uma vida conjugal insatisfatória para ambos. O homem casado que apresenta transtorno do orgasmo pode passar a evitar o sexo ou praticá-lo de forma desmotivada, enquanto o homem solteiro pode evitar sair com mulheres para não iniciar um contato sexual frustrante. Depressão e ansiedade também estão correlacionados ao problema.

http://www.bolsademulher.com/sexo/homens-tambem-podem-apresentar-dificuldade-em-ter-orgasmos/