quinta-feira, 31 de julho de 2014

Na casa dos Avós


Na casa dos Avós


Por Carolina Freitas

Dia 26 de julho é uma data comemorativa dedicada aos avós, pais duas vezes. É comum a frase “pais educam e avós deseducam”, mas não precisa ser assim. Cabe aos pais a educação dos filhos. Porém, cabe aos avós ajudar os filhos na educação dos netos e mimá-los. Ser mimado e sair da rotina com a sabedoria dos avós auxiliam no desenvolvimento psicológico das crianças. Ajudam no equilíbrio emocional.

As crianças precisam de regras, que devem ser impostas pelos pais e seguidas pelos avós. É preciso que as regras sejam únicas e respeitadas por todos. São os pais quem devem planejar a educação, os hábitos e os valores que desejam transmitir a seus filhos, os avós têm a função de auxiliar os filhos nessa trajetória e amenizar a rotina dos netos. Definidos os limites entre a autoridade dos pais e a dos avós a criança não confundirá os papéis de cada um em sua educação. Os avós são um suporte afetivo e muitas vezes financeiro.

Hoje, com a rotina mais atribulada dos pais, os avós são importantes para o desenvolvimento infantil. Eles passam segurança e amparo, imprescindíveis para uma boa autoestima. Com as novas famílias, os avós podem ser o conforto e a estabilidade dos pequenos.

Há o ônus dos palpites sobre a educação dos netos. Mas, uma boa comunicação, essencial a todo e qualquer relacionamento, ameniza as dificuldades. Os avós devem sim ter a função de continuidade na educação das crianças, mas sempre respeitando a disciplina e os costumes estipulados pelos pais. Pois, a criança percebe todo tipo de contradição. Logo, se há respeito mútuo entre avós e pais, a relação se dá tranquilamente.

Outro papel importante dos avós é ajudar na construção da identidade familiar. São importantes para o desenvolvimento infantil as tradições da família, saber que faz parte de uma história familiar.

Assim, a casa dos avós é naturalmente um ambiente diferente da casa dos pais, deve ser referência de um lugar acolhedor. É importante os netos saberem que lá algumas coisas são permitidas, mas isso não é a regra. Mas pode ser bem divertido e educativo! Crescer ao lado dos avós é bom e faz bem às crianças. É importante para o desenvolvimento infantil e auxilia no aprendizado de sentimentos e gentilezas. A diversidade de vínculos dada pela convivência com os avós é uma riqueza de vida para as crianças. E a estrutura familiar é um bom exemplo de vida.

Carolina Freitas - Psicóloga, Mestre em psicologia, Psicopedagoga, Sexóloga, Educadora Sexual.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Início da vida sexual deve ser tratado com naturalidade pelos pais




Início da vida sexual deve ser tratado com naturalidade pelos pais
Redação Bonde






O ingresso no universo adulto é um momento marcante para todo jovem. Um período que pode ser de alegria e entusiasmo, e que, por isso mesmo, exige atenção. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lembra a importância de os pais conversarem com seus filhos sobre sexualidade e cuidados com a saúde. A iniciação sexual deve ser tratada com clareza e sinceridade pelos pais, sem preconceitos e tabus.
"As crianças devem aprender sobre sexualidade da mesma maneira que aprendem sobre outras questões do cotidiano. O tema não deve ser abordado de forma sigilosa, mas sim de maneira aberta e franca. Os limites, deveres e direitos devem ser aprendidos", aconselha Zuleide Aparecida Félix Cabral, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia e Obstetrícia Infanto-Puberal da Febrasgo.

Diálogo aberto

O índice de adolescentes grávidas no Brasil vem caindo, mas dados do último censo do IBGE, em 2009, ainda mostram números altos: mais de 444 mil partos em meninas de 10 a 19 anos. Contudo, os perigos de uma vida sexual ativa não se limitam a uma gestação indesejada.

O HPV é um dos maiores vilões entre as adolescentes. Estudo da Fundação Oswaldo Cruz aponta que uma em cada quatro jovens no início da atividade sexual está contaminada com o vírus que pode causar câncer de colo de útero. A análise mostrou que o índice é ainda maior nas adolescentes com cinco anos de vida sexual: 40% de infectadas.

Mas é claro que a atividade sexual não traz apenas riscos e malefícios. "Os pais devem abordar a sexualidade também como forma de bem-estar, prazer, felicidade, companheirismo, respeito, mas que exige responsabilidades e deveres", enfatiza Zuleide.

O preparo dos jovens para as relações sexuais começa desde a infância quando na escola e em seus lares, os pais e educadores já devem discutir sobre as questões positivas e negativas que envolvem a iniciação sexual.

A representante da Febrasgo orienta que é importante também conversar com os filhos homens, que devem ser igualmente responsáveis e responsabilizados nas decisões da vida sexual, como no uso do preservativo.

Quando visitar o ginecologista?

De acordo com Cabral, não existe um momento certo para a primeira consulta ao ginecologista. Isso depende do desejo ou necessidade da jovem e de seus familiares. Algumas situações são as mais frequentes, como a primeira menstruação, queixa de corrimento genital e cólica menstrual, por exemplo

"O ideal é que antes de iniciarem as relações sexuais as meninas procurem um ginecologista para exames clínicos e complementares. Após, médico e paciente podem escolher juntos um método de contracepção, discutir a dupla proteção e como devem ser agendadas as consultas de seguimento. As meninas após os nove anos de idade já têm a opção de usar as vacinas contra o vírus do HPV. Outras indicações de vacinas também são orientadas pelos ginecologistas", explica a especialista.

Educar, não apenas informar

As informações estão disponíveis a todos, mas não são suficientes se o jovem não souber aproveitá-las. Zuleide reforça que educar muda comportamento, informar, não necessariamente. Por isso, é preciso que os pais atuem de maneira efetiva na educação sexual de seus filhos, tirando dúvidas, dando conselhos e os encaminhando para o acompanhamento profissional do ginecologista. "É fundamental que as filhas tenham liberdade para conversar sobre tudo o que desejarem. Por isso, criar esse espaço na relação é tão essencial e é papel dos pais", finaliza a médica.

Fonte: http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--54-20140707

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Como o câncer de mama influencia a sexualidade



Como o câncer de mama influencia a sexualidade
 Carolina Freitas
Psicóloga, Mestre em Psicologia
Sexóloga, especialista em Educação Sexual

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer – INCA, o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente do mundo, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Sendo o câncer de mama o mais comum entre as mulheres, é ainda o tumor maligno que mais aflige as mulheres, dada a sua relação direta com a saúde da mulher e a sexualidade feminina.

O tema Câncer é por si só de difícil abordagem. A sexualidade da pessoa portadora de câncer, mais ainda. Pois, muitos ignoram a importância da relação entre saúde, doença e sexualidade. Mas, é importante os (as) profissionais de saúde terem conhecimento sobre o tema e serem um apoio no tratamento. As mulheres, os casais, as famílias precisam de acolhimento e conhecimento para atravessar esse momento adverso da vida.

A descoberta de um câncer nunca é fácil, sempre abala. Pois, em nossa sociedade, mesmo com os evidentes avanços de tratamento e cura, o câncer está diretamente ligado à morte. Assim, o adoecimento impacta diversos aspectos da vida. A notícia de ser portador(a) de câncer leva a pessoa a ter de lidar com questões diversas da vida – psicológicas, sociais e sexuais.

No caso do câncer de mama, que está intimamente ligado à autoestima feminina, afeta diretamente à sexualidade da mulher e do casal. Pois, o seio tem diversos significados. Ele é uma das representações do corpo feminino. Está ligado à identidade da mulher, ao reconhecimento de seu corpo. É símbolo da feminilidade, da sexualidade, da sedução.

Quando há a necessidade da retirada de uma parte do seio, de um ou de ambos os seios a mulher pode apresentar dificuldades com a autoimagem. Não se reconhecer diante à falta ou sentir-se incompleta e pouco feminina. A mastectomia pode gerar conflitos psicológicos, preocupação com a atração física (muito difundida em nossa sociedade) e preocupação com a rejeição da parceria. A forma como a mulher lida com a retirada da mama é singular.

A relação entre saúde, doença e sexualidade varia de pessoa para pessoa. O funcionamento sexual pode ser dificultado por questões fisiológicas e psicológicas. Mas mesmo nesse momento adverso há como ter o resgate da sexualidade. A estabilidade da notícia e da doença ajuda a mulher no resgate do desejo sexual. E o casal tem como retomar a intimidade e a cumplicidade sexual.

A sexualidade é um dos pilares da vida. A saúde sexual é um dos fatores da qualidade de vida. Vale lembrar que a sexualidade não se reduz ao ato sexual, são as relações de afeto, prazer e comunicação. Sentir-se acolhida e amada fortalece a luta.

Carolina Freitas
Psicóloga Especialista em Educação Sexual CRP 09/8329