quarta-feira, 26 de junho de 2013

Sexo, Remédio Contra o Estresse.



Sexo, Remédio Contra o Estresse.

Por Flávio Gikovate 



Uma das maiores preocupações das pessoas sobrecarregadas de tensões e responsabilidades é encontrar meios de atenuar os malefícios causados à saúde pelo estilo de vida excessivamente acelerado. É claro que o ideal seria viver de maneira menos insana. 

Mas, diante das dificuldades de romper individualmente com esse modo de vida adotado por toda a sociedade, só nos resta buscar paliativos para nossas dores cotidianas: massagem, esportes, meditação, lazer, caminhada, hobbies.

Entre as inúmeras atividades que funcionam como válvula de descompressão, a de efeitos mais instantâneos é a relação sexual de boa qualidade.

Assim como as massagens relaxantes e os exercícios de meditação, o sexo traz leveza para o corpo e a mente. O envolvimento com as carícias eróticas nos transporta a um mundo etéreo. Esquecemo-nos das mazelas cotidianas, das dificuldades financeiras, dos problemas de saúde e dos dilemas que afligem o país.

Não é fácil fazer essa transição do caos para o desligamento total. No entanto, quanto maior a entrega e a concentração no estímulo às zonas erógenas, mais rapidamente entramos no clima de excitação. Por isso, vale a pena se esforçar nessa conquista, mesmo quando não nos sentimos espontaneamente predispostos ao sexo.

No início da relação sexual, só temos olhos para o parceiro e para nós mesmos. Empenhamo-nos em saciar mutuamente os desejos, em preencher expectativas, em dar e obter prazer. Estamos focados no que está acontecendo conosco, no ambiente que nos cerca e no desenrolar do sexo – o resto do mundo já deixou de ser problema nosso.

A partir do ponto em que nos aproximamos do orgasmo, nada mais nos interessa. Nosso pensamento para, exatamente como acontece numa meditação bem-sucedida, e nos entregamos incondicionalmente ao pulsar da nossa sexualidade.

Trata-se de um momento mágico, de total mergulho em nós mesmos e na urgência da nossa excitação. Nessa hora – insisto em afirmar – não existe comunhão. Usufruímos da mais absoluta e deliciosa solidão! O parceiro está no mesmo estado, voltado para si, para o seu silêncio interior.

O clímax sexual é seguido de um período de exaustão física e talvez psíquica – que leva alguns homens a cochilar. Depois vêm o relaxamento e a sensação de leveza, que protegem nossa mente dos conflitos diários. Quando retornam, conseguimos encará-los com olhos mais críticos e generosos. Sob a ótica do prazer, a vida ganha simplicidade e as coisas prazerosas, outro significado.

Mas só alcança esse relaxamento benéfico quem não usa o sexo para manipular ou dominar o parceiro, nem o instrumentaliza para exercitar seus ressentimentos.

As pessoas empenhadas apenas em impressionar na cama acabam transformando o ato em mais um fator de estresse. Tudo o que deveria ser lúdico torna-se pesado, premeditado pelas metas a serem atingidas.

A experiência nos ensina que pouca gente é capaz de tirar do sexo prazer e estímulo para a vaidade saudável – a que nos impulsiona a cuidar do corpo para manter nosso fôlego em forma e nossa aparência atraente.

Não me refiro ao consumismo desvairado, às cirurgias estéticas desnecessárias, às dietas compulsivas, ao apego doentio aos exercícios e a outros excessos cometidos na busca da perfeição. Falo do encontro consigo mesmo, do autoconhecimento.

Essa seria a verdadeira emancipação sexual, aquela que liberta as pessoas do sexo de segundas intenções e as preenche com sentimentos genuínos e transparentes, fundamentais para levar a vida com a leveza e a sabedoria das crianças.




domingo, 23 de junho de 2013

Proposta de Lei Homofóbica



Meu artigo publicado ontem (22.06.2013) em O Popular: "Proposta de Lei Homofóbica".

Carolina Freitas*

O projeto de lei que autoriza a prática de tratamento psicológico para a cura da homossexualidade é uma forma de homofobia. A homofobia pode ser definida como ódio, aversão ou discriminação com violência física e/ou verbal. Porém, pode ser também no silêncio constrangedor ou por injúrias, gestos e ironia no convívio social.

A formação acadêmica e a prática clínica mostram que não faz qualquer sentido um tratamento psicológico para curar a homossexualidade. Nunca, em 15 anos de prática profissional como psicóloga e dez anos como sexóloga, tive um único pedido de um homossexual para ser mudado seu desejo sexual.

Os sentimentos desenvolvidos a partir de fatores ambientais, cognitivos e biológicos formam o conjunto das expressões naturais da pessoa sexuada, levando em consideração seus desejos e fantasias. Esse desejo sexual pode se apresentar heterossexual (desejo por indivíduo do sexo oposto), homossexual (desejo por indivíduo do mesmo sexo) ou bissexual (desejo por indivíduos do mesmo sexo e do sexo oposto).

A busca do homossexual pela terapia, além das dificuldades comuns a qualquer ser humano, é, justamente, a resistência de aceitação social, o que dificulta a autoaceitação. Pois, qualquer definição do desejo é sofrida. A adolescência está aí para escancarar as dúvidas e incertezas e a beleza do desenvolvimento humano.

Ratifico que uma das maiores dificuldades do homossexual é a rejeição social. O alto índice de suicídio entre pessoas homossexuais decorre dessa rejeição. O que vem contribuindo para a redução do preconceito social é o fato de a homossexualidade deixar de ser vista como doença. Os Conselhos Federais de Medicina e Psicologia não podem mais catalogar a homossexualidade como doença, não tendo, assim, como haver tratamento terapêutico. É terminantemente vedada, por resoluções dos mencionados conselhos, a promessa de “cura”.

Respondo à pergunta do deputado João Campos (PSDB-GO), autor do projeto de lei apelidado de “cura gay”: por que os heterossexuais podem se tratar sexualmente e os homossexuais não? Não é verdade. A terapia da sexualidade atende a todas as pessoas, sem distinção de opção sexual. A sexualidade está além do sexo, envolve também afetividade, cumplicidade e relacionamentos. A terapia sexual visa ao bem-estar sexual. O processo terapêutico deve contribuir para uma maior satisfação do homem, da mulher, do casal. É um processo em que a pessoa, ou o casal, encontra auxílio para obter satisfação e crescimento individual e no envolvimento relacional.

O projeto foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos, mas ainda há um longo caminho até a sanção ou não pela presidente da República. Espero que prevaleça o bom senso até lá, pois, respeitar as diversidades sexuais é questão de saúde pública e de direitos humanos.

* Carolina Freitas é mestre em psicologia e sexóloga

sexta-feira, 14 de junho de 2013

I Seminário Goiano de Diversidade Sexual e Direitos Humanos

I Seminário Goiano de Diversidade Sexual e Direitos Humanos - Participe!


O Conselho Regiona de Psicologia 9a. Região, por meio da Comissão de Diretos Humanos - GT Sexualidade e Gênero, realiza o I Seminário Goiano de Diversidade Sexual e Direitos Humanos, no dia 21 de junho (sexta-feira), das 8hs às 18hs, no auditório Eli Alves Forte da OAB-Goiás (Rua 1.121, no. 200, Setor Marista).

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas clicando aquiLink_Inscrição

Haverá certificado de participação.

Veja a programação:
8h - Credenciamento
9h - Abertura e apresentação artística
9h30 - Mesa Redonda I - Direitos Humanos: a atual conjuntura política no Brasil
Dra. Glaucia Maria Teodoro Reis (SEMIRA - GO)
Dra Chyntia Barcellos (OAB - GO)
Profa. Dra. Cristina Vianna (PDH-POC / UNIP)
Pr. Edson Santana (COELGBTT - GO)
11h30 - Intervalo
13h30 - Mesa Redonda II - Diversidade Sexual: articulação entre movimento social, academia e políticas públicas.
Prof. Dr. Camilo Albuquerque de Braz (Ser-Tão / UFG)
Profa. Dra. Lenise Santana Borges (PUC - GO)
M.sc. Maria Rita Medeiros Fontes (COELGBTT - GO)
Mayk Diego Gomes da Gloria (CRP09 - GO/TO)
16h - Conferência de Encerramento: Profa. Dra. Tatiana Lionço (UniCEUB - DF)
 
Organizadores: 
Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia 9a. Região (GT de Sexualidade e Gênero).

Instituições Parceiras:
Comissão de Direito Homoafetivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sessão Goiás;
Gerêmcia de Políticas da Diversidade da Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira);
Conselho Estadual de Políticas para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Goiás.

Fonte: http://www.crp09.org.br

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Taxa de suicídio entre jovens cresce 30% em 25 anos no Brasil



Taxa de suicídio entre jovens cresce 30% em 25 anos no Brasil
Iara Biderman – de São Paulo

É uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países desenvolvidos e emergentes. Mata 26 brasileiros por dia. E ninguém quer falar no assunto.
No Brasil, a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior do que o da média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor de "O Suicídio e sua Prevenção" (ed. Unesp, 142 págs., R$ 18).
A curva ascendente vai contra a tendência observada em países da Europa ocidental, nos Estados Unidos, na China e na Austrália. Nesses lugares, o número de jovens suicidas vem caindo, ao contrário do que acontece no Brasil, aponta um estudo da University College London publicado no periódico "Lancet" no ano passado.
"Na década de 1990, a taxa de suicídios aumentava em todos os países do mundo, e a OMS [Organização Mundial da Saúde] lançou um programa de prevenção. Os países que fizeram campanhas de esclarecimento conseguiram baixar os números. É importante falar do assunto", diz o psiquiatra Neury Botega, da Unicamp.

TABU
O tema é tabu até para profissionais de saúde. Nos registros do Datasus (banco de dados do Sistema Único de Saúde), aparece como "mortes por lesões autoprovocadas voluntariamente". Um longo eufemismo, segundo Botega. Evita-se a palavra, mas o problema se perpetua.
Em cursos de prevenção, o psiquiatra registrou as crenças de profissionais de saúde. Muitos acham que perguntar à pessoa se ela pensa em se matar já pode induzi-la a consumar o ato. 


                       Cena do documentário 'Elena', de Petra Costa (foto); diretora refaz trajetória da irmã, que se matou em 1990, aos 20 anos


"Não temos esse poder de inocular a ideia na pessoa. E, se não tentarmos saber o que ela está pensando sobre o assunto, não conseguiremos ajudá-la", diz o psiquiatra.
A taxa cresce por uma conjugação de fatores. "A sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram", diz Neury.
Há ainda uma pressão social para ser feliz, principalmente nas redes sociais. "Todo mundo tem que se sentir ótimo. A obrigação de ser feliz gera tensão no jovem", diz Robert Gellert Paris, diretor da Associação pela Saúde Emocional de Crianças e conselheiro do CVV (Centro de Valorização da Vida).
O aumento de casos de depressão em crianças e adolescentes é outro componente importante. "Mais de 95% das pessoas que se suicidam têm diagnóstico de doença psiquiátrica", diz Bertolote.
Junte-se tudo isso ao maior consumo de álcool e drogas e a bomba está armada.

"ELENA"
A cineasta e atriz mineira Petra Costa tinha sete anos quando a irmã mais velha se suicidou. Mais de 20 anos depois, Petra dirigiu o documentário "Elena", atualmente em cartaz, em que tenta entender e comunicar o que a irmã pensava e sentia.
"As pessoas têm dificuldade de falar e de ouvir sobre o assunto. A sociedade brasileira tem que aprender a conversar sobre suicídio, porque o número de casos só aumenta", diz Petra.
Falar de suicídio nunca foi tabu para a diretora. "Desde que eu tinha sete anos, quando Elena se suicidou, minha mãe conversava comigo sobre isso, nunca me escondeu nada", conta.
Mas ela logo percebeu que, fora de casa, o tema era proibido. "A primeira vez que falei do assunto com outras famílias que passaram por isso foi aos 27 anos, quando procurei grupos de parentes de suicidas. Então me senti compreendida em minha dor."
Petra conta que, logo após a morte de Elena, sua mãe procurou pessoas próximas de alguém que havia se matado. Mas todos se recusaram a conversar com ela.
Ela também lamenta que, à época do suicídio da irmã, as pessoas ao seu redor não tivessem informações sobre o assunto nem soubessem como falar sobre ele.
"O mais lastimável em relação à Elena é que, nos anos 1990, no grupo de pessoas com quem ela convivia, sabia-se pouco sobre bipolaridade, depressão, suicídio. A desinformação levou à tragédia", afirma Petra.
A cineasta tem interesse nessa causa. A produtora do filme, Busca Vida, está organizando debates sobre o tema. E Petra planeja criar o Instituto Elena, para prevenção de suicídios.

PREVENÇÃO
A troca de informações sobre o suicídio pode evitar muitos casos: de acordo com a OMS, dá para prevenir 90% das mortes se houver condições para oferta da ajuda.
Quem pensa em suicídio está passando por um sofrimento psicológico e não vê como sair disso. Mas não significa que queira morrer.
"O sentimento é ambivalente: a pessoa quer se livrar da dor, mas quer viver. Por dentro, vira uma panela de pressão. Se ela puder falar e ser ouvida, além de diminuir a pressão interna, passa a se entender melhor", diz Paris.
O CVV oferece apoio 24 horas pelo telefone 141 e pelo site www.cvv.org.br. 


Fonte:http://www1.folha.uol.com.br