sexta-feira, 27 de março de 2015

Problemas sexuais e causas psicológicas

Problemas sexuais e causas psicológicas

João Luis Borzino, Médico clínico Sexologista e Terapeuta sexual

Problemas sexuais e causas psicológicas. Papo com o Dr. João Luis Borzino, parceiro do Portal SexoSemDúvida, Médico sexologista, orientador e terapeuta sexual. Tem uma coluna sobre sexualidade no portal da Rede TV e é presença frequente em programas de televisão e revistas quando o assunto é sexo.

One Health | Por que as pessoas devem buscar um sexologista?

Dr. João | O que tinha que acontecer era o urologista, o ginecologista ou o psiquiatra estarem preparados para encaminhar o paciente para um sexologista. O urologista é o médico dos aparelhos urológicos masculino e feminino e do urogenital masculino. O ginecologista é o medico do aparelho reprodutor e genital feminino. Eles são profissionais que têm formação organicista e não quebraram os tabus sexuais. O sexologista não é só médico, é psicoterapeuta sexual, especializado em lidar com a parte psicossomática.

One Health | E os problemas sexuais tendem a ter causas mais psicológicas que físicas?

Dr. João | Muito mais! O que tem de distúrbio hormonal, de disfunção erétil causada por obstrução de artéria, é muito pouco. Não tem nem porcentagem! A maioria dos problemas é de fundo afetivo e assim tem que ser resolvida.

One Health | Quais são os distúrbios sexuais mais comumente apresentados entre seus pacientes?

Dr. João | Entre os homens, ejaculação precoce é a mais comum. Entre as mulheres, o desejo sexual hipoativo, ou disfunção de desejo – antes chamada de frigidez. Mas há outros estudos que apontam que as maiores queixas femininas são sobre o orgasmo.
“A energia sexual é um apetite, como a fome e o sono. Eles acontecem, e devem ser realizados para se sentir gratificação. É uma maneira de se sentir vivo”

One Health | E onde estão as principais causas para esses males?

Dr. João | O problema é a educação sexual. No caso da ejaculação precoce, o indivíduo desenvolve uma ansiedade muito grande diante do desempenho dele, ele não se acha capaz de satisfazer o que uma mulher desejaria. Aí ele vira aquele personagem do Angeli, o Osgarmo (risos). Ele se torna um indivíduo hiperexcitável. Com baixo estímulo, ele já está lá em cima. Já o distúrbio do desejo…para a mulher, desejar é conflituoso. Ela é educada a fazer sexo com uma só pessoa na vida, e para engravidar.

Nessa educação, desejar é errado. A mensagem que se passa é que desejar é estar se arriscando. Então, se ela quer um relacionamento “respeitável”, não pode desejar. E é a maior sacanagem criar uma mulher assim.

One Health | O preço da repressão sexual não acaba sendo muito alto para a saúde física e mental?

Dr. João | Estamos falando de apetências. A energia sexual é um apetite, como a fome e o sono. Eles acontecem, e devem ser realizados para se sentir gratificação. É uma maneira de se sentir vivo. Imagine que toda comida fosse insossa, como aqueles comprimidos de filmes de ficção científica!

A vida tem importância enquanto ela tem qualidade: enquanto a gente sofre e ao mesmo tempo sente gratificações. Não existe entusiasmo nenhum se não houver risco. Freud, quando definiu o conceito de libido, disse que era uma energia vital que, se reprimida de um lado, surge forçadamente de outro. Por exemplo: você acredita que transar é pecado, então aquilo vai para outra fonte. O indivíduo começa a trabalhar demais, ficar muito ansioso, somatiza de alguma maneira.

João Luis Borzino
Médico sexologista e terapeuta sexual (CRM/SP 104865)



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