quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Pensando o Abuso Sexual


PENSANDO O ABUSO SEXUAL

Por Carolina Freitas

“Nem mesmo o mais sexualizado e sedutor comportamento jamais
poderia tornar a criança responsável pela resposta adulta de abuso sexual,
em que a pessoa que comete o abuso satisfaz seu próprio desejo sexual
 em resposta à necessidade da criança de cuidado emocional”.
(Tilman Furniss, 1993).

Nestas últimas semanas muito tem se falado sobre Abuso Sexual em Goiânia. O Jornal Anhanguera (TV Globo, Goiânia – GO) tem veiculado diversos casos sobre abusos sofridos na infância e adolescência. E os jornais impressos e online seguem com as seguintes manchetes: “Goiânia e Aparecida já registram 300 casos de abuso sexual só este ano” (site G1), “Um chapeiro e comerciante de 38 anos achou que ficaria impune pelo abuso sexual praticado durante dez anos contra três enteadas. Com a mais velha delas teria tido uma filha” (Jornal O Popular), “Advogado de 78 anos é preso em Goiânia por suspeita de abuso sexual contra dois adolescentes” (UOL notícias) “Denúncias de abuso sexual contra crianças aumentam em Goiânia” (http://www.aredacao.com.br).

Com isso, muitas dúvidas surgem sobre o Abuso Sexual. O que é? Como identificar? Como agir? Então, vou esclarecer um pouco sobre o tema – Abuso Sexual.

A satisfação do desejo sexual de um adulto tendo a criança como instrumento, qualquer tipo de aproximação sexual inadequada entre menores em diferentes fases de desenvolvimento e coerção física e emocional definem o abuso.

A violência se manifesta através do dano físico, do dano psíquico, do abandono, da negligência e do abuso sexual à criança. Sendo o abuso sexual a forma mais grave de maltrato infantil, por ser um dos traumas psíquicos mais intensos, com consequências destrutivas da personalidade do abusado.

O dano físico pode ser indicado através de lesões nas zonas genital e/ou anal, sangramento pela vagina e/ou ânus, infecções do trato genital, gravidez, acrescentado de hematomas e escoriações. Já o dano psicológico pode estar relacionado à idade do início do abuso, a duração do abuso, o grau de violência ou a ameaça de violência, a diferença de idade entre o abusador e o abusado, a ausência de figuras parentais protetoras e o grau de segredo.

A pessoa abusada pode apresentar os seguintes sintomas: altos níveis de ansiedade, baixa autoestima, distúrbio do sono, distúrbio de alimentação, xixi na cama, distúrbios de aprendizado, comportamento muito agressivo ou apático, abatimento profundo, comportamento sexualmente explícito, masturbação visível e contínua, brincadeiras sexuais agressivas, desconfiança em adultos, especialmente os mais próximos, não participação de atividades escolares, ter poucos amigos, relutância em voltar para casa, ideias de suicídio, fugas de casa.

O abandono e a negligência geram uma sensação de desamparo que pode fazer com que a criança/adolescente busque afeto a qualquer custo, com qualquer pessoa, conhecida ou desconhecida. Logo, a curiosidade sexual das crianças deve ser satisfeita conforme sua manifestação, lembrando que a criança desinformada é presa fácil de abuso sexual. As crianças abusadas são, geralmente, mais imaturas emocionalmente.

O abuso pode variar desde uma exposição dos órgãos sexuais, carícias, toques, penetração digital, sexo oral, vaginal, anal, grupal, filmes, fotografias.  Ocorre em todas as camadas socioeconômicas, independente de sexo ou idade, podendo acarretar em lesão física, trauma psicológico, silêncio, vergonha e culpa.

O impacto da vivência do abuso é singular para cada indivíduo.  Vale ressaltar que a falta de informação, o preconceito e a descrença no sistema judiciário brasileiro podem interferir no número de denúncias. Porém, atualmente, o número de denúncias vem aumentando, principalmente através do disque 100 (Disque Denúncia Nacional). 

Atualmente a sociedade e a mídia têm favorecido a sexualização infantil, através das danças, músicas, roupas, programas infantis, acarretando em um comportamento sedutor por parte das crianças. O adulto deve, então, ensinar à criança a discriminar afeto de sexualidade, para a criança não ter apenas as carícias sexuais como única expressão de afeto conhecida. Nunca é demais lembrar que ocorrendo abuso, mesmo tendo havido um comportamento sedutor infantil, o adulto é o responsável pelo abuso, pois é ele quem tem condições emocionais de não aceitar esta sedução. O limite é dado pelo adulto!  

“O sentimento de culpa da criança origina-se de seu senso equivocado de responsabilidade, que ela deriva do fato de ter sido uma participante no abuso. Essa confusão muitas vezes é reforçada pelas ameaças da pessoa que cometeu o abuso, de que a criança será responsável pelas consequências se revelar o abuso”. (Tilman Furniss, 1993).







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