Ser ou não ser virgem?
Por Carolina Freitas
Hoje, 20 de novembro de 2012, está agendada a entrega de Ingrid
Migliorini, 20 anos, catarinense, de seu objeto de leilão – sua virgindade.
Será a bordo de um avião entre os Estados Unidos e a Austrália, de forma a
driblar as legislações vigentes. Quem é esse objeto de desejos – a virgindade?
Vou apenas me ater em pensar a virgindade em si. Não
entrarei no raciocínio econômico, mercado de compra e venda. Mas sim nas
relações humanas. Foi dado um alto preço pela virgindade de Ingrid, mas e o seu
valor? Não quero dizer aqui que há um “certo” ou “errado”, mas devemos sim
pensar a respeito. Já que a sexualidade humana é a autorrealização de viver o
que se é. É relacionar-se!
Atualmente, a média de idade da iniciação sexual é de 13
– 14 anos, nos meninos e 15 – 16 anos, nas meninas. Sendo que para os meninos é
uma “prova” de ser macho. Há uma grande cobrança social para que a perda da
virgindade deles seja precoce e intensa. A pressão social mantém o discurso
sobre a virilidade. Já as meninas têm de ser sorridentes e atraentes, porém
recatadas sexualmente. A cobrança, para elas, é da manutenção do status de
virgem. É mais um controle da sexualidade feminina.
Assim, à virgindade é dada, ainda hoje, muita
importância. Ela ainda é problematizada. Carregada de valores. Sempre foi.
Porém, conversando com diversas adolescentes, elas
colocam a virgindade como uma questão de escolha. Muitas não iniciaram a vida
sexual por escolha (seja de parceria, seja de querer mesmo casar-se virgem) ou
por imposição (geralmente familiar e religiosa).
Outro fato é que muitas garotas, ainda hoje, se entregam
ao namorado sem querer. O menino ainda cobra uma primeira relação como prova de
amor. É uma mistura de imaturidade com despreparo.
Interessante que até hoje é desconhecida a função
fisiológica da existência do hímen. Mas a sua função social e psicológica tem
sido mantida. Ora serve de prova de honestidade da mulher, ora de manipulação
do homem.
Sempre penso como é possível ter uma iniciação sexual
tranquila e prazerosa com tamanha repressão provocando medos e inseguranças.
Por isso, meninas e meninos lembrem-se sempre que vocês têm sim o poder de
escolha. Respeitem seu momento e seu corpo. Conheça-o bem. Explore-o antes de
se entregar sexualmente.
Cabe a você respeitar o seu direito de querer ou não.
Cabe também ao outro respeitar o seu direito de querer ou não. Não se intimide
nem se culpe, a sexualidade saudável faz parte do pleno desenvolvimento humano.
Cada um(a) sabe o seu momento e a sua história.
E quanto à Ingrid? Ela fez a escolha dela, como de
direito.
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