Por que muitas mulheres têm dificuldade com o
orgasmo
e muitos homens, com a ereção?
Segundo a
professora Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudo da Sexualidade
(ProSex), 51% dos homens e 56% das mulheres daqui do Brasil estão insatisfeitos
com suas vidas sexuais. Segundo essa professora, cerca de 25% dos homens sofrem
de ejaculação precoce. Os problemas de ereção atingem de 30% a 45% da população
masculina, dependendo da faixa etária. Entre as mulheres, um terço nunca chegou
ao orgasmo e muitas reclamam da falta de desejo sexual.
Neste artigo vamos
examinar algumas das principais causas desses problemas.
Causas dos problemas sexuais
Segundo Helen
Singer Kaplan, famosa autora e estudiosa dos problemas sexuais, o sexo funciona
satisfatoriamente quando não há interferências negativas.
Medo, preocupações
e expectativas distorcidas são interferências que atrapalham o desejo e o
desempenho sexual de homens e mulheres. Essas interferências prejudicam,
principalmente, o desejo das mulheres e suas capacidades para o orgasmo e a
ereção masculina e, consequentemente, seus desempenhos sexuais subsequentes.
Essas
interferências geram problemas e diminuem o prazer sexual, mesmo quando o
funcionamento orgânico é “normal”.
As duas seguintes
histórias ilustram algumas dessas interferências sexuais e os problemas que
elas causam.
André se preocupa com o seu desempenho e não
consegue ereção
André foi para um
encontro com Marina.
Ele estava louco
por ela. Por isso, tinha muito medo de não agradá-la. Além disso, em outros
relacionamentos, ele já teve problemas de ereção.
Durante o
encontro, o clima entre eles começou a esquentar. Ele estava com muito desejo
sexual por ela e, ao mesmo tempo, com muito medo de desagradá-la. Ele tinha
esse tipo de medo porque tinha dúvidas quanto ao seu desempenho sexual e, o
pior de tudo, porque tinha medo de não conseguir uma ereção firme o suficiente
para penetrá-la ou, ainda, perder a ereção durante o relacionamento sexual.
Todos esses medos
impediam a sua entrega ao prazer que as intimidades cada vez mais intensas com
ela poderiam estar proporcionando.
Como não conseguia
se entregar, a sua excitação não era muito grande e a sua ereção deixava muito
a desejar. Falhou!
Janaina sentia mais apreensão e obrigação do que
atração
Janaina é cheia de
pré-requisitos para se envolver com sexo:
O relacionamento
tem que estar muito bom
Quando Janaina não
tem desejo, ela simula orgasmo: quando vai para a cama, a sua cabeça está cheia
de preocupações e apreensões.
Para Janaina:
Não é nada simples
para ela se entregar aos prazeres sexuais. Na hora do sexo, a sua cabeça fica
cheia de apreensões, obrigações e regras. Por exemplo:
- Para ela, o
prazer sexual do seu namorado é mais importante do que o seu.
- Ela tem medo de
demorar muito para chegar ao orgasmo e essa demora cansar e aborrecer o
namorado. Por isso, finge mais prazer do que está sentindo e, muitas vezes,
finge que chegou ao orgasmo.
Fingir é uma
tarefa que atrapalha muito se entregar ao prazer: essa tarefa exige atenção e
esforço. Além disso, fica com medo de ser pega, sente culpa por estar fingindo,
- Ela sente medo
de estar com problemas de desejo e medo de não ter muita atração pelo namorado.
- Tem medo de o
namorado perceber que ela não está com muito desejo, não está muito excitada.
Todos esses
temores e obrigações equivocadas não permitem que Janaina relaxe se entregue
aos excitantes que estão presentes no encontro.
Maneiras de
combater as interferências negativas na sexualidade
As interferências
negativas na hora do sexo não deixam muito espaço para a ação dos excitantes
sexuais. Por exemplo, ficar com medo do julgamento do parceiro sobre algum
detalhe do corpo ou sobre o desempenho sexual não é nada excitante e atrapalha
a entrega ao clima erótico e acontecimentos sexuais.
Três ótimas
maneiras de combater as interferências negativas na sexualidade são as
seguintes:
- Tomar
conhecimento delas e admitir que elas estão presentes.
- Corrigir as
distorções das percepções das importâncias dos fatos que geram temores,
preocupações e expectativas distorcidas.
- Conversar com o
parceiro sobre as práticas sexuais que acontecem entre eles, suas fantasias,
temores e inibições. Vamos abordar agora, um pouco mais, esse tipo de conversa.
Muita gente não consegue conversar sobre sexo com o
parceiro
Raros casais
conversam minuciosa e frequentemente sobre as seus desejos e fantasias sexuais,
sobre suas inibições e sobre o que se passa em seus relacionamentos sexuais.
Conversar sobre “sexo em geral” ajuda, mas não substitui conversar
minuciosamente sobre o que está se passando no momento das relações sexuais.
É mais fácil fazer sexo do que conversar sobre ele
Conheço muita
gente casada há muito tempo e que praticamente nunca conversou detalhadamente
sobre sexo com o parceiro. Conversar frequentemente com ele sobre isso é muito
mais raro ainda. Essas pessoas não sabem o que estão perdendo!
Muitas dessas
pessoas levam uma vida sexual medíocre porque deixam de lado esse tipo de
conversa que é o meio mais importante para tomar e dar conhecimento daquelas
coisas que as atraem ou as constrangem sexualmente e um meio para aperfeiçoar
suas vidas sexuais. Além disso, esse tipo de conversa pode ser excitante!
Não é muito útil
falar sobre sexo em geral. O mais produtivo é falar sobre si e sobre o que
acontece consigo durante as relações sexuais com o parceiro. Também é muito
importante saber ouvir o parceiro.
Falar com
estranhos, neste nível de detalhes, é tabu. Falar com o parceiro pode ser muito
delicado porque muita coisa está em jogo para quem fala, para quem ouve e para
o relacionamento entre eles.
Os parceiros
escondem um do outro coisas boas e ruins. Eles escondem seus desejos, suas
fantasias. Escondem que não gostam e o que não gostam de fazer com e pelo parceiro.
Eles mantêm em segredo mil medos, mil desejos, mil fantasias e mil suposições
sobre o outro e sobre sexo.
O medo e o
constrangimento para conversa sobre a própria vida sexual é muito maior do que
se imagina. Esse tipo de inibição é a causa de grande parte dos problemas
sexuais. Ele é a causa do prazer sexual ser subaproveitado.
A revelação de
desejos dá variabilidade para a vida sexual. Cada dia, estamos de um jeito
diferente nesta área. A comunicação para o parceiro dessa variabilidade afasta
a monotonia e enriquece a vida sexual.
Porque as mulheres
fingem orgasmo
A pressão sobre as
mulheres na hora do sexo é tamanha que muitas delas fingem o orgasmo. O relato
de pesquisa resumido em seguida dá uma ideia do que se passa na cabeça daquelas
mulheres fingem orgasmo.
Motivos que levam as mulheres a fingir orgasmo
“Uma
pesquisa conduzida por publicado na revista científica Journal of Sex Research
afirma que mais de 70% das mulheres não atingem o orgasmo durante as relações
sexuais. Outro estudo verificou que entre 53 a 65% das mulheres fingem orgasmo
durante as relações sexuais.”
Um estudo recente
levantou alguns dos principais motivos que levam uma boa percentagem de
mulheres a fingir orgasmo. Este estudo foi realizado com pequenos grupos de
discussão cujos participantes eram homens e mulheres americanos na faixa dos
vinte anos. (Veja uma apresentação mais completa dessas estatísticas e dessa
publicação no artigo cujo link é oferecido na Nota 1, no final deste artigo).
Algumas das
principais conclusões desse estudo são os seguintes:
1. A mulher é
responsável por se preparar psicologicamente para o orgasmo.
O homem é
responsável pela estimulação física das zonas erógenas da mulher.
2. O orgasmo
feminino não é necessário para a mulher ficar sexualmente satisfeita.
Essa crença
empurra as mulheres para se preocuparem mais com o orgasmo masculino do que com
seus próprios orgasmos.
3. A mulher
precisa cuidar do ego masculino durante o sexo.
Quando a mulher
não tem orgasmo, isso afeta a autoimagem do homem. Ele sente que não é tão
desejável ou tão hábil para excitar a mulher. Por isso, ela tem que tomar
cuidado para que ele não se sinta ameaçado. Fingir prazer e orgasmo tranquiliza
o homem.
4. A mulher
pressupõe que está sendo julgada pelo homem, mas raramente comunica essa
preocupação.
Ela se preocupa
com o que ele está pensando a seu respeito e a respeito do seu desempenho
sexual. Ela evita falar sobre isso. Essas preocupações afetam a sua capacidade
para sentir desejo, ficar excitada e chegar ao orgasmo.
5. A mulher
valoriza mais o prazer do homem do que o seu próprio prazer
Para ela, a
intimidade já é bastante satisfatória. O orgasmo é um privilégio mais difícil e
raro.
6. É mais aceitável
fingir orgasmo em um encontro casual.
Fingir orgasmo com
o parceiro fixo é menos aceitável do que em um encontro casual. Como ela espera
pouco do encontro casual e sente menos culpa com os fingimentos, fica mais
fácil fingir nesta situação.
Você tem tem pouco
desejo, dificuldade para chegar ao orgasmo ou problemas de ereção?
Você não consegue
conversar com o parceiro (a) sobre sexo? Procure a ajuda de um psicólogo.
NOTA 1
AlyssaGraceMagsano. Fake It ‘till You Make
It: Lust, Language, and Talking to Turn You On. http://alyssagracemagsano.com/category/archive/ (Consultado
em 11/04/2015).
Fonte: http://ailtonamelio.blog.uol.com.br/
Texto publicado originalmente em Ailton Amelio
Muito legal!
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