Problemas
sexuais e causas psicológicas
João
Luis Borzino, Médico clínico Sexologista e Terapeuta sexual
Problemas sexuais e causas psicológicas. Papo com o Dr. João Luis
Borzino, parceiro do Portal SexoSemDúvida, Médico sexologista, orientador e
terapeuta sexual. Tem uma coluna sobre sexualidade no portal da Rede TV e é
presença frequente em programas de televisão e revistas quando o assunto é
sexo.
One Health | Por que as pessoas devem buscar um sexologista?
Dr. João | O que tinha que
acontecer era o urologista, o ginecologista ou o psiquiatra estarem preparados
para encaminhar o paciente para um sexologista. O urologista é o médico dos
aparelhos urológicos masculino e feminino e do urogenital masculino. O
ginecologista é o medico do aparelho reprodutor e genital feminino. Eles são
profissionais que têm formação organicista e não quebraram os tabus sexuais. O
sexologista não é só médico, é psicoterapeuta sexual, especializado em lidar
com a parte psicossomática.
One Health | E os problemas sexuais tendem a ter causas mais
psicológicas que físicas?
Dr. João | Muito mais! O que
tem de distúrbio hormonal, de disfunção erétil causada por obstrução de
artéria, é muito pouco. Não tem nem porcentagem! A maioria dos problemas é de
fundo afetivo e assim tem que ser resolvida.
One Health | Quais são os distúrbios sexuais mais comumente apresentados
entre seus pacientes?
Dr. João | Entre os homens, ejaculação
precoce é a mais comum. Entre as mulheres, o desejo sexual hipoativo, ou
disfunção de desejo – antes chamada de frigidez. Mas há outros estudos que
apontam que as maiores queixas femininas são sobre o orgasmo.
“A energia sexual é um apetite, como a fome e o sono. Eles acontecem, e
devem ser realizados para se sentir gratificação. É uma maneira de se sentir
vivo”
One Health | E onde estão as principais causas para esses males?
One Health | E onde estão as principais causas para esses males?
Dr. João | O problema é a
educação sexual. No caso da ejaculação precoce, o indivíduo desenvolve uma
ansiedade muito grande diante do desempenho dele, ele não se acha capaz de
satisfazer o que uma mulher desejaria. Aí ele vira aquele personagem do Angeli,
o Osgarmo (risos). Ele se torna um indivíduo hiperexcitável. Com baixo
estímulo, ele já está lá em cima. Já o distúrbio do desejo…para a mulher,
desejar é conflituoso. Ela é educada a fazer sexo com uma só pessoa na vida, e
para engravidar.
Nessa educação, desejar é errado. A mensagem que se passa é que desejar
é estar se arriscando. Então, se ela quer um relacionamento “respeitável”, não
pode desejar. E é a maior sacanagem criar uma mulher assim.
One Health | O preço da repressão sexual não acaba sendo muito alto para
a saúde física e mental?
Dr. João | Estamos falando
de apetências. A energia sexual é um apetite, como a fome e o sono. Eles
acontecem, e devem ser realizados para se sentir gratificação. É uma maneira de
se sentir vivo. Imagine que toda comida fosse insossa, como aqueles comprimidos
de filmes de ficção científica!
A vida tem importância enquanto ela tem qualidade: enquanto a gente
sofre e ao mesmo tempo sente gratificações. Não existe entusiasmo nenhum se não
houver risco. Freud, quando definiu o conceito de libido, disse que era uma
energia vital que, se reprimida de um lado, surge forçadamente de outro. Por
exemplo: você acredita que transar é pecado, então aquilo vai para outra fonte.
O indivíduo começa a trabalhar demais, ficar muito ansioso, somatiza de alguma
maneira.
João Luis Borzino
Médico sexologista e terapeuta sexual (CRM/SP 104865)
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